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ondas suaves

Ondas Suaves não é nada mais que a tradução literal dos caracteres 宁波 (Ningbo). Uma pequena cidade costeira situada na província de Zhejiang, China.

ondas suaves

Ondas Suaves não é nada mais que a tradução literal dos caracteres 宁波 (Ningbo). Uma pequena cidade costeira situada na província de Zhejiang, China.

#representar Portugal

Desta vez escrevo-vos para pedir ajuda. A situação é a seguinte, antes de ontem fui chamado para uma reunião dos representantes das 81 nacionalidades existentes na universidade. Tema: a universidade quer fazer uma espécie de festival cultural no final deste mês, uma coisa em grande porque a televisão nacional vem visitar-nos. No fim da reunião pensei logo que não queria fazer nada, menos de uma semana é pouco tempo para preparar o quer que seja e já estou ocupado que chegue, mas como sou o único tuga parece que tenho uma obrigação patriótica na minha cabeça.

Ok, vamos lá fazer isto!

Problema, não faço a miníma do que ei de fazer ... sei que me vão dar uma tenda na qual tenho de lá ficar 9 horas seguidas. Podemos vender comida, decorar como quisermo, etc e tal.

Pensei em fazer uma sardinhada e comprar uns barris de imperial, mas está fora de questão. Ideias .. alguém tem ideias? O que devo mostrar de Portugal? Como decorar a tenda? O que vender?

Abraços!

Os CTT cá do sítio

Existe um site na China que é usado para fazer todo o tipo de compras, um género de ebay, é o Taobao (podem checkar). Como existem milhões de pessoas a utilizar o site, as ecomendas não vão parar a casa, nem aos correios. E vocês perguntam - então vão para onde?

 

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Isto é só um exemplo, pois na mesma rua existem mais 3 ou 4 locais como este.

 

Abraços!

 

 

#ébola

A China é tão grande, tantas cidades em que isto poderia acontecer e tinha de ser logo em Ningbo! A noticia é de sexta-feira e ainda não há mais notícias, vamos esperar pelo melhor. Não passará de um pequeno susto. Nem quero imaginar o que acontecerá se a madilta Ébola chegar à China.

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 Fonte: http://www.topix.com/cn/ningbo/2014/10/nigerian-with-ebola-symptoms-quarantined-in-ningbo-china

Abraços!

#casa - o mundo inteiro no mesmo prédio

Hoje vou mostrar-vos onde é que vivo, finalmente. Mais que o local em si ou as condições, o interessante são as pessoas que fazem do local aquilo que ele é.

Confesso que nos primeiros dias sempre que vinha para casa pensava "mas onde é que eu me fui meter?". Para quem passa na zona, mais parece um bairro social francês. E não, não sei como são os bairros sociais franceses, mas foi a primeira coisa que me veio à cabeça. Conviver com tanta diversidade no inicio não era fácil, pois trazemos uma bagagem de estereótipos pronta a ser usada, mas agora que já percebemos como funcionam as coisas, é um espectáculo.

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O dormitório dos estudantes internacionais consiste numa divisão entre grupos (uns mais fechados que outros), o que não é novidade nenhuma em situações de minorias. Passado um mês já consigo avaliar o comportamento dos diversos grupos e falar-vos sobre isso (é uma das coisas que mais adoro por aqui, a antropologia acompanha-me para qualquer lado).

Não sei os números ao certo, mas basicamente consiste na seguinte ordem:

Indianos (fechadíssimos)/Paquistaneses (igualmente). Normalmente estão sempre a discutir Caxemira. É uma piada, dão-se "bem", que remédio. É de reter que mulheres comem numa mesa e homens noutra, nunca se juntam.

Árabes (um enorme numero de nacionalidades que partilha a mesma língua e religião). Como é óbvio, as poucas mulheres usam burca. Estes são os mais "rebeldes".

Os estudantes de países africanos dividem-se em 3 grandes grupos: falantes de Espanhol, Francês e Inglês. Também fechados, o caso dos falantes de espanhol é curioso porque muitos deles nem arranham no inglês, o que os torna bem fechados ao exterior. Curiosamente tenho contacto com muitos estudantes da Guiné-Equatorial.

Turcos. Para mim são os "europeus muçulmanos", um grupo aberto ao exterior e sem qualquer problema com isso. Conheço uma enorme quantidade de turcos e só tenho coisas positivas a dizer sobre eles. Até porque por vezes os chineses pensam que também sou turco (a aparência física é semelhante, dizem), daí me perguntarem sempre nos restaurantes se quero mesmo comer porco.

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Asiáticos. Indonésios são até perder de vista. Num dia conheci um deles, no dia seguinte apresentou-me a mais 10. Apesar de serem simpáticos, Timor ainda me está no goto (brincadeira). Os Sul-Coreanos são os "europeus asiáticos", apesar de fechados e em número elevado, levam comigo todo o dia. Ao ponto de já saber ter uma conversação simples em coreano ou até juntar-me a eles nas mais diversas actividades (para espanto de quem vê de fora).

Russos/ Ucranianos. Sim, andam sempre juntos apesar do que se está a passar politicamente. Na verdade a convivência entre eles até dá para outro post, a que terei de chamar "guerra silenciosa".

Quase no fim da "hierarquia", estão todos aqueles de países como: Turquemenistão, Cazaquistão, Tajiquistão, etc e tão. São muitos mas sempre separados, nem sequer de grupo poderemos chamar. O que acontece também com todas as outras nacionalidades que não são "compatíveis" com estes grupos.

E no fim, finalmente, nós os europeus. Minoria da minoria, nunca nos juntamos em grupos de dezenas (ao contrário de todos os outros). Sabem como é a Europa, pequena mas tão dividida. Não sou eu que digo, mas sim todos os outros, somos os "brancos". É, agora sei o que é ser "julgados" pelo credo, crença e cor. Apercebi-me e confesso que não é fácil para alguém de fora conviver com os europeus. Aqui são os alemães que estão em maior número.

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Percebe-se que as razões da divisão devem-se acima de tudo à língua. O que é totalmente aceitavel, pois ao sair daquele portão só se fala chinês. Apesar das diferenças, convivemos diariamente sem qualquer problema, num local que chega a tornar-se utópico. No outro dia discuti isto com um amigo iraniano e ao apercebermos-nos da forma como os estudantes estrangeiros se relacionam aqui, ele perguntou-me ingenuamente:

"Se as pessoas conseguem conviver desta forma na mesma casa, porque é que os Governos não o fazem?"

Desculpem-me o tamanho do texto. Abraços!

 

#aviso, não comer!

Infelizmente terei de contribuir para a criação de estereótipos sobre os chineses. Então aqui vai, vou contar-vos a história de um bando de rapazes cheios de fome.

Ando à dias a passar por aquelas salcichas que têm um aspecto delicioso, ontem estava com uma fome incrivel e pensei em experimentar finalmente as tão apetitosas salsichas. É frito na hora, põe um molho bem cheiroso por cima e toca a comer. No entanto, um dos meus amigos é muçulano e como tal, não come porco. Já é hábito perguntar que carne é, mas desta vez a resposta foi qualquer coisa que nenhum de nós entendeu. Tentamos ir por exclusão de partes, porco, frango ou vaca .. não era nada disso. Então deve ser pato .. também não. Um dos meus amigos puxou do telemovel e abriu o dicionario de chinês -inglês, "escreva aqui em chinês sff"-pediu.

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Ele respondeu "não é porco", ao que o outro disse "então manda vir que estou cheio de fome". Abanou a cabeça e passou-me o telemóvel para a mão. Abanei a cabeça e passei o telemóvel ao outro. Abanou a cabeça. Virámos costas e seguimos caminho para a cantina. Pelo caminho vimos mais salsichas daquelas, parei em todas as bancas e a resposta era sempre a mesma. Cão!

Hoje avisei alguns colegas, mas já foi tarde de mais. Desta vez, parece que tive sorte. Abraços!

 

 

Para os amantes de chá

Para os que tal como eu, são amantes de chá, a China é o local ideal. Esqueçam as caixas com saquetas, aqui compra-se chá ao quilo, é tal e qual como comprar fruta e a variedade é enorme.

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(É um dos exemplos, num supermercado na cidade)

 

O chá não vem de muito longe, basta sair da cidade começar a subir as montanhas e lá no cume, longe da poluição e com o céu azul, existe um mundo de chá à nossa espera, o qual tive oportunidade de visitar.

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E se não sabem quem trabalha na apanha do chá, eu mostro-vos.

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Abraços!

 

 

 

 

 

O "quase linchamento".

Vou contar-vos a pior situação que já vivi na China até agora. Apesar de ter acontecido na primeira semana, ainda está bem presente na minha memória.

 

Era o meu segundo dia em Ningbo e ainda não conhecia ninguém para além dos simpáticos chineses que me tratam da burocracia. Como é óbvio, eles não conseguem tratar de tudo e portanto uma das coisas que tinha de fazer era abrir uma conta num banco chinês. Acabei por conhecer um russo na mesma situação que eu, mas que entendia chinês muito melhor, e lá fomos nós ao banco.

 

Depois de esperar uma hora, lá fui fazer a conta .. a senhora esforçou-se ao máximo para escrever o meu nome, mas nem depois de dezenas de tentativas conseguiu ("passa para cá o teclado que eu faço isso num instante" disse-lhe por gestos). Tudo o que estava no meu passaporte era motivo de risada, quando viu o nome do país tive de lhe traduzir para chinês e ainda se riu mais. Era tão cómico que teve de chamar os colegas para verem esta espécie rara nas ruas de Ningbo.

 

Depois de assinar mais de 10 papéis e de marcar o código vezes sem conta, já se passava mais de meia hora que estava no balcão, comecei a ouvir uns gritos vindos de trás. Começou por ser um, dois, e nem um minuto depois já eram mais de 10 chineses à minha volta a gritar coisas que não entendia. A senhora deixou de rir e pôs uma cara séria, eu, que não tinha uma vidraça à prova de bala para me proteger, comecei a transpirar por todo o lado. Fiz cara de estrangeiro inocente e tentei espreitar entre as cabeças para procurar os seguranças (que estavam sentadinhos como se nada fosse). "Ok, foi uma boa estadia." pensei. A senhora pegou no molhe de papeis e entregou-me tudo à pressa. Serpentiei a multidão e andei em passo acelerado para a saida.

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Ainda estava a transpirar por todo o lado e o coração estava a mil quando cheguei à rua (foto). Olhei para trás, só para confirmar que não estava a ser preseguido por revoltosos e perguntei ao russo "Que ***** foi esta?", ao que ele respondeu "Nada de mais, eles só estavam chateados pela senhora estar a ser tão lenta contigo. E aquilo não eram gritos, é a maneira normal de falarem." .. "Normal? Nada contra o estrangeiro?" .. "Não. Nem uma palavra."

 

Agora já sei que é a maneira normal, principalmente em Ningbo, onde se diz que os locais falam muito alto. Mas que temi pela minha vida, lá isso temi. Abraços!

Obrigado SAPO

Comecei a escrever-vos no dia 18 do mês passado, praticamente todos os dias. Com o simples objectivo de comunicar o que vai acontecendo por aqui, no outro lado do mundo, aos meus familiares e amigos. Apesar de ter uma família gigante, foi com surpresa que fui vendo um grande número de leitores a passar por aqui. Mais surpreendente ainda foi ver o SAPO a espalhar a palavra e a divulgar o blog pelas suas páginas. Páginas que visito todos os dias para estar a par das notícias portuguesas.

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É reconfrotante chegar a casa, por vezes depois de dias que mais parecem ser episódios da série The Twilight Zone, e receber todas as vossas palavras, seja aqui no skype ou no email. Abraços!

 

 

Templo Budista

Aprovei os dias de férias para passear nos arredores de Ningbo. Entre os vários locais que visitei, sem dúvida que o que mais me marcou foi o Templo Budista Xiaoputuo (小普陀). Para mim não foi uma simples visita turística,  foi o realizar de um sonho. É impossível descrever o que senti naquela tarde. Deixarei as imagens falarem por si. Abraços!

 

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1 mês de China

Faz hoje um mês de China. Não é que ande a contar os dias, mas hoje ao chegar das aulas o cartão (chave) não me abria a porta do quarto, na receção avisaram-me que tinha de pagar a renda do mês para conseguir abrir a porta. “oh claro, um mês de China” pensei.

Se há algo que aprendi com os já longos anos de estudo foi a teoria do Geert Hofstede. Não é mais que a explicação do processo de aculturação, que se ilustra na curva que vos demonstro (em baixo). Para alguns, a mudança para um mundo completamente novo e desconhecido é uma experiencia estimulante e enriquecedora, para outros, pode ser uma experiencia dolorosa. Como nos mostra a curva, os primeiros tempos são de euforia, tudo é novo e o estrangeiro sente-se como uma criança que tem de aprender de novo as coisas mais simples. Depois, depois vem o choque cultural, com sentimentos de angustia, impotência e stress, provocando uma reação de hostilidade à nova cultura. Segue-se o longo processo de aculturação que para aqueles que o conseguirem completar, acabam por se estabilizar/ aculturar. O problema é que se tiveram de voltar para casa, voltam a passar pelo mesmo.

Bem, isto tudo para vos dizer que não me deve faltar muito para acabar com a primeira fase. Sem duvida que este mês foi de euforia e alegria. Tudo é novidade, tudo é aventura, tudo é estranho e portanto tudo é espetacular. Conheci dezenas/ centenas de pessoas de todo o mundo e talvez até alguns extraterrestres, mas o mais importante são os bons amigos que arranjei.

(China, Alemanha, Turquia, Coreia do Sul, Ucrania, Islândia e o tuga)

Ainda tenho muitas coisas para vos contar mas como já é habito, ficam para depois. Obrigado a todos os que têm passado por aqui (já são milhares de visitantes :o ), familiares, amigos, conhecidos e desconhecidos. Grande Abraço!

 

 

 

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