Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

ondas suaves

Ondas Suaves não é nada mais que a tradução literal dos caracteres 宁波 (Ningbo). Uma pequena cidade costeira situada na província de Zhejiang, China.

ondas suaves

Ondas Suaves não é nada mais que a tradução literal dos caracteres 宁波 (Ningbo). Uma pequena cidade costeira situada na província de Zhejiang, China.

Adeus 2014!

Desejo a todos vós um 2015 espectacular. Pelo menos que seja melhor que 2014 e pior que 2016.

Não vou fazer nenhum resumo deste ano, nem prognósticos para o próximo.

Tenho só a dizer-vos que para acabar o ano em grande, passei o pior fim de semana de sempre desde que aqui cheguei. Na sexta-feira lesionei o tornozelo a jogar com os Indonésios, felizmente conheço um estudante de medicina de Cabo-Verde que me ajudou a tratar da lesão. No Sábado, não chegava não conseguir andar, apanhei o que chamamos de 'destino por comer comida da rua' .. sim, comi algo estragado e o resto não vale a pena contar. Para acabar bem, no Domingo recebi a notícia que um dos meus vizinhos Coreanos vai mudar de casa e assim sendo perco aquele que foi um dos grandes pilares do início desta aventura.

Não tenho planos para a passagem de ano, mas de uma coisa tenho a certeza ... vai ser na China.

IMG_20141230_142943.jpg

(Fiquem com mais um foto da Universidade de Ningbo, neste caso a biblioteca, tirada hoje ao sair das aulas) 

 

Como nesta época costumamos enviar mensagens inspiradoras aos familiares e amigos, deixo-vos com um provérbio Chinês que me tem acompanhado faz muito tempo, é qualquer coisa assim:

«O pássaro voa com as suas asas, o Homem voa com os seus sonhos.»

 

Grande abraço a todos e até para o ano!

 

Feliz Natal ! 圣诞快乐 (Shengdan kuaile)!

Lá diz o ditado popular que o Natal é quando o Homem quiser, mas o que o ditado não diz é que se o Homem for chinês, não é no dia 25 de Dezembro.

Apesar do visível esforço por parte dos chineses para celebrar o Natal, as luzes e arvores espalhadas pelas lojas não vêm com o espírito natalício incluído. O espírito natalício é algo que não podemos comprar nem adaptar. A celebração do natal não está presente na cultura chinesa, é uma festividade nova por aqui e portanto, soa a “falso” por todo o lado. Mas recuperando outro ditado popular: “O que conta é a intenção”.

mmexport1419457320630.jpg

 

O que me pareceu mais característico do natal chinês foi a oferta de maçãs dentro de caixinhas aos amigos. Sim, maçãs! Nesta época vê-se maçãs por todo o lado. Para nós, não há qualquer relação entre as maçãs e o natal mas para os chineses é diferente, passo a explicar: Noite de consoada em chinês diz-se 平安夜 (ping an ye), que literalmente será algo como «noite pacifica». Ora, maçã diz-se 苹果 (ping guo), a relação está no «ping». Ao oferecer-mos uma maçã aos nosso amigos estamos a desejar-lhes uma vida segura e pacífica. Foi isto que entendi das várias vezes que perguntei.

mmexport1419343833198.jpg

 

 

Não é a primeira vez que passo o Natal longe da família, mas sem dúvida que é a primeira que passo longe do Natal. No entanto, tentei contornar essa situação da seguinte maneira:

Domingo (21) passado fui a uma pequena festa organizada pela Universidade para os estudantes estrangeiros. Apesar do esforço dos organizadores, acredito que o menino Jesus deu voltas no caixão. Serei o único a pensar que uma coreana a dançar músicas sensuais com pouca roupa está mais inclinado para uma festa de um rapaz de dezoito anos que propriamente para o Natal? Mas vamos esquecer isto porque nos prometeram um buffet com vinho incluído e se não fosse as pipocas e o chá tinha passado fome.

1419163032439.jpg

 

Terça-feira (23) na companhia de alguns colegas de turma, tive a oportunidade de visitar uma escola chinesa privada, a melhor de Ningbo dizem, com alunos do 7º ao 9º ano. O objectivo era celebrar o Natal com a melhor turma de inglês daquela escola e posso dizer-vos que correu lindamente. Musicas, teatro, comida (chinesa pois claro) e muita alegria por parte das crianças por poderem desenvolver o inglês com estrangeiros de todos os cantos do mundo. Alegria também da minha parte por poder desenvolver o meu chinês. Uma tarde bem passada, com a certeza que o futuro da China está bem entregue.

mmexport1419340144237.jpg

Apesar de estar na China, não achei que por si só seria suficiente para ter uma consoada diferente. Como tal, juntámos a nossa pequena família de quatro gatos espigados e fomos jantar algo pouco habitual. Tentem lá adivinhar onde é que um ortodoxo, um muçulmano, um católico e eu fomos comer … sim, estamos todos a pensar no mesmo, um restaurante Indiano. Se isso não bastasse, os empregados tinham barretes de pai natal.

mmexport1419457312581.jpg

 

No dia de Natal (hoje), foi um dia normal de aulas e apesar do céu estar limpo e bonito, fui avisado que os níveis de poluição estão em altas. Não percebo o que é suposto fazer quando recebo estes avisos … mas de máscara não me vão ver (por enquanto). Era ainda suposto ter ido almoçar a um buffet natalício, mas não vou cair na mesma duas vezes seguidas. Se quiserem saber, almocei uma omelete coreana, que não é nada mais que uma omelete recheada com arroz de tomate.

Desculpem-me a dimensão do texto. Como é Natal ninguém leva a mal. Desta vez acho que me enganei no ditado popular, mas desde que vi um Pai Natal insuflável gigante à porta de uma Igreja, nada mais faz sentido.

O meu Natal foi assim. Espero que o vosso tenha sido igualmente bom, ou ainda melhor. Um abraço especial à família que está toda reunida na nossa cidade natal (por favor não me enviem fotos de comida), ao Hugo e ao Ricardo que estão em Inglaterra e a todos os meus amigos.

Feliz Natal !!!

P.S: espero que me tenham gravado o Natal dos Hospitais deste ano.

#convidado Hannes-Islândia

Hannes é o primeiro convidado do Ondas Suaves. Porquê o Hannes? Porque a ideia inicial partiu dele, e como tal, só faria sentido se fosse ele o primeiro.

 

Hannes é um Islandês que passou grande parte da sua infância na Suécia. Tal como eu, esta é a sua primeira vez na China  e também tal como eu, a primeira vez fora da Europa. É aluno da University of Iceland (Reiquejavik) e veio para a China estudar chinês durante um ano, como exchange student do Instituto Confúcio. Pedi-lhe para me deixar uma foto da sua estadia na China, e ele respondeu com uma foto de grupo em frente à banca de Portugal no Dia Cultural (segundo a contar da direita). Deixo-vos com o texto dele, traduzido do inglês por mim (lápis azul sempre à mão!).

 

« Deixei a Islândia num domingo de manhã e cheguei à universidade na segunda à noite, viajando durante muitas horas sem dormir. Cansadíssimo, mal cheguei ao quarto tive de tomar um grande banho e dormir. Só me levantei para comprar água, e encontrei logo o primeiro problema. Na Islândia temos a melhor água do mundo, portanto eu estava receoso no tipo de água que podia comprar. Comprei uma garrafa com o maior dos receios, e só bebi depois de confirmar se estava bem selada, pelo sim pelo não.

 

A primeira impressão que tive da China foi chocante. Aterrei em Shanghai e apanhei o comboio para Ningbo, apanhei um táxi para a universidade (sabendo que não devia aceitar os táxis privados porque já me tinha informado na internet acerca dos esquemas que usam). Tudo parecia normal na cidade, mas o táxi ia cada vez para mais longe, ate que entrámos numa estrada horrível (a pior que já vi na minha vida) com uma vizinhança péssima e ai eu pensei para mim mesmo - ah a universidade deve ser longe daqui, num local limpo, com arvores e flores - infelizmente não era. Lembro-me perfeitamente do taxista virar na rua à direita e entrar numa zona ainda mais degradante e parar - Mas onde é que eu fui parar? – pensei.

 

A segunda impressão, foi quando acordei a meio da noite para ir comprar água e decidi ir à vizinhança, entrei no bairro Nongmao… e nem tenho palavras que descrevam as ruas. Foi horrível. No segundo dia queria ir comer, mas estava com medo porque tudo tinham mau aspecto e parecia tão sujo. Com este receio, nos primeiros dias praticamente não comi.

Não estava acostumado a viajar para tão longe e era a primeira vez fora de casa dos meus pais. Na Europa nunca tive problemas mas aqui tinha medo de entrar nos restaurantes. Até conhecer outros europeus e sentir-me muito mais confiante num grupo de pessoas na mesma situação que eu. Com eles tudo ficou muito mais normal.

 

mmexport1414836097243.jpg

Depois destes três meses, já me acostumei ao quotidiano. Por vezes sinto-me aborrecido, no entanto, já encontrei coisas por aqui com que me distrair, desde o desporto, jogos ou as noitadas com os russos. Mas continua a ser difícil encontrar algo decente para comer.

Comparando com a Islândia, a grande diferença é claro a quantidade de pessoas. Somos somente 300 mil e tal na Islândia, estava habituado a andar na minha vizinhança (a maior em densidade populacional na capital) e não encontrar ninguém durante algum tempo. Aqui há pessoas por todo o lado.

Não poderia deixar de falar de uma das coisas que mais me irrita: a maneira que os chineses usam as buzinas. Na Islândia e em grande parte da Europa, penso, só se usa a buzina para prevenir acidentes, mas aqui eles usam a toda a hora, só para dizer “ei estou aqui”. Deve ser por isso que todas as semanas vejo acidentes de motos. Sempre que oiço as buzinas, sinto uma raiva enorme, porquê tanto ruído? Não entendo porque é que eles, se gostam tanto das buzinas, não as usam nas bicicletas. Todos os dias vejo alguém quase a cair da bicicleta porque por e simplesmente não sabem andar de bicicleta. Parece que fazem as coisas ao contrário, nas bicicletas é que deviam usar buzinas, mas pronto.

 

No geral a vida aqui é boa, mas falando verdade, esperava que fosse mais interessante. Penso que não é o local ideal para encontrar a “cultura chinesa”, como a vimos lá fora. Estou ansioso por viajar por este pais enorme e experienciar a cultura e natureza chinesa.

 

Para terminar, algumas palavras para os leitores do blog. Bem, nunca pensei que estando na China viria a escrever num blog para leitores portugueses, mas aqui estou eu e sinto-me honrado por tal. Espero que tenham gostado das minhas palavras e estou disponível para qualquer questão que tenham. 

Góðar stundir! »

 

Muito obrigado ao Hannes.

Abraço!

 

3 meses, já é 1/4

Aqui o desleixado deixo-vos sem noticias praticamente um mês. E nisto já vamos nos 3 meses de China. Como seria de esperar a quebra nos posts deve-se em grande parte ao encontro daquilo que é agora o meu quotidiano. Onde o estranho parece já se ter entranhado em mim, e portanto, sinto sempre reservas em contar-vos o quer que seja. As expectativas ficaram altas e com isso a minha vontade de vos escrever caiu a pique, sempre naquele sentimento de "Ah, isto não interessa".

Não fosse o comentário da Sofia a pedir informações meteorológicas e tinha passado mais um dia sem escrever.

Bem, o tempo está a ficar cada vez mais frio Sofia. Já comprei dois cobertores e continuo a ouvir dizer que o pior ainda está para vir. Andam aqui todos contentes à espera da neve e eu a rezar pelo sol e havainas. O frio é coisa que não me assiste nem por nada, para veres, o trajeto de 15 minutos que faço todas as manhas de casa à faculdade é suficiente para chegar à sala de aula e ouvir das professoras e colegas: "Oh Joo (já vos contei que praticamente ninguém consegue dizer João por aqui? Qualquer coisa que comece por J é suficiente para perceber que sou eu) o que se passou para teres a cara tão vermelha?" - ar de espanto.

1415346314652.jpg (Deixo-vos mais uma foto da Universidade de Ningbo)

Deixando as condições climatéricas, só me resta falar do quotidiano. Dias de semana, aulas de manhã (acordar com as empregadas a conversar aos berros no corredor). Almoço na cantina muçulmana (a variedade está entre a cor dos molhos: castanho ou amarelo), sim a comida é de chorar por nunca mais voltar. Tardes de aulas, quando não há aulas há sempre qualquer coisa planeada. Como desportista (tosse, tosse) um dia por semana é dia de basquetebol com chineses, outro dia é de ping pong com colegas de turma e todas as sextas é dia de bola com os Indonésios. Outro dia por semana está reservado a ensinar português. Fins de semana é prioritário vir a casa só para dormir e passar os dias a vaguear pelos cantos desta cidade que cada vez mais ganha um grande cantinho no meu coração.

Como podem ver, o mais interessante não será isto que hoje vos conto certamente, mas já era tempo de aparecer. Este mês passou a correr e só me resta prometer que escreverei mais que um post por mês daqui por diante. Entretanto, surgiu a ideia de vos trazer convidados (amigos que fiz por aqui) para escreverem eles o quer que lhes passe pela cabeça. O que acham? Vêm aqui saber da China e ainda se arriscam a dar a volta ao Mundo.

Grande abraço!