7!
As semanas passam a correr e sem dar conta já lá vão sete mesitos. Não há nada de novo para vos contar, tudo na mesma como a lesma. Apesar disso, há sempre uma coisa ou outra fora do comum que vale a pena partilhar.
Andamos a ter cortes de electricidade assim do nada. Já aconteceu umas quatro vezes e demora sempre mais de quatro horas a voltar. Da ultima vez foi especial porque ficamos sem electricidade à noite … os supermercados não têm velas, os fogões das cozinhas são todos eléctricos e as caldeiras para agua quente também ficam sem funcionar. Vão dizendo para estarmos preparados para mais cortes daqui em diante … a minha preparação passa por usar cada minuto de electricidade como se fosse o último do dia. Mas já tive sorte graças a isto, num dos dias que ficámos sem luz eu e mais uns quantos fomos para uma espécie de loja 24h que tem gerador (e portanto tinha luz) e reparei que eles vendiam raspadinhas. Comprei a minha primeira raspadinha na China (custou uns 20 cêntimos) e ganhei o quinto premio. Eh laaa, uma pipa de massa, devem estar a pensar, nop .. 7 euros (nada mau).
(Não se vê nada não é? Pois. Vou traduzir para português: Não há electricidade, aguentem-se como poderem.)
Já sei dizer algumas coisas no dialecto local, porque aproveito as viagens de táxi e as idas ao mercado para ir aprendendo. Por falar em taxistas, no outro dia apanhamos um táxi à noite e enquanto estava a falar com o Bruno começamos a ouvir os carros a apitar por todo o lado, olhei para o semáforo e estava verde, mas o nosso táxi estava parado. Imaginem porquê … porque o taxista estava ferrado a dormir. Eu parti-me a rir, o Bruno quis mudar de táxi, lá seguimos o resto da viagem a rezar ( eu continuo a achar que teve piada). Estava a falar do dialecto de Ningbo não era? Para vos dar o exemplo mais simples, em chinês para dizer “Eu sou de Ningbo.” (a mesma versão de “Eu sou lisboeta”), teremos de dizer 我是宁波人, ou seja, em mandarim vai-se ouvir assim:“wo shi ningbo ren.” No dialeto local os mesmo caracteres soam assim:“nu se ningbo ni”. Engraçado não é? Não.
Enquanto vos estou a escrever estava a tentar fazer arroz doce para o jantar de hoje com malta de vários países e chegou aqui um rapaz da Guiné-Equatorial a dizer que está tudo mal. Estamos à espera que arrefeça para descobrir. De qualquer maneira vou continuar a fazer como tenho feito, digo que é assim que se faz em Portugal (a vantagem de ser o único português, não há ninguém para confirmar). Por acaso tenho usado isto em algumas situações e tem sido útil. Depois deste ano acho que os meus amigos vão ficar a pensar que em Portugal as coisas funcionam completamente ao contrário … na verdade, é só a minha desculpa para tudo o que faço de errado. [Escrevi isto ontem e entretanto posso dizer-vos que o arroz ficou impossível de se comer].
(Camarões, Cabo-Verde, Índia, Quirguistão e a tirar a foto uma italiana)
No outro dia disse a um chinês que era primo do Ronaldo, ele disse para ter cuidado porque podia ser raptado. Nunca mais tentei fazer piadas com o Ronaldo e emendei-me logo dizendo que o meu chinês era mau, queria dizer outra coisa que não primo. Ele riu-se e disse que estava a brincar. Olhei em volta e andei em passo acelerado para junto dos meus amigos. Lembrei-me desta porque estava a passar a publicidade do champô do Ronaldo na televisão.
E por último, chegou a época dos estudantes do secundário visitarem as universidades (em Portugal é igual) e a Universidade de Ningbo fez um vídeo publicitário para atrair novos alunos. Dramas do vídeo à parte, se tiverem paciência podem ver os espaços que eu frequento diariamente e outros que nunca vi.
Já vai um post longo para quem não tinha nada para dizer. Entretanto partilharei a conversa que tive com rapazes do Iémen sobre a guerra que infelizmente abala aquele país.
Abraços!